Começamos um novo projeto! Chama-se “O Barco” e a ideia é
fazer um curta menor, de sete minutos, mas nunca se sabe. Ou, pelo menos, nós
não sabemos. No curta anterior prevíamos também uma extensão de sete minutos e
o filme, para nossa surpresa, acabou com vinte minutos cravados. Isso se deve,
é claro, à nossa pouca experiência e ao processo de edição. Em cinema sempre se
diz que é no processo de edição que se faz o filme, o que não deixa de ser
verdade. Mas é verdade também que se não houver uma boa captura de imagem, não
há edição que salve. O filme ganha corpo é na edição, mas esta não faz
milagres.
O curta 3 Amigos
terminou com aproximadamente sete minutos no total. Levamos um susto. Tudo no
filme estava extremamente acelerado. Duplicamos o número de frames no programa
de edição e a má impressão inicial melhorou um pouquinho, só um pouquinho. De
imediato percebemos que deveríamos trabalhar o ritmo de cada cena, onde
acelerar, onde pausar, onde retardar o ritmo de cada movimento. Fiz um mapa de edição.
Estudei os tempos de cada cena do filme e mandei para o Alex, o editor. Ele se
assustou: eram quase trinta páginas de anotações para um roteiro de seis
páginas! Aí ficou claro nosso equívoco: Na formatação de roteiros para cinema,
em geral uma página de roteiro equivale a um minuto de filme. Em nossa animação
esse padrão não se deu. Como nosso roteiro não tinha diálogos, coubera muito
mais ação, descrição de cenas e imagens numa única página. Outra coisa que
percebemos é que a edição complementa a interpretação dos personagens. No
cinema tradicional, um bom ator traz em sua interpretação pausas, intenções,
subtextos. Em animação, nem sempre essa “interpretação” pode ser totalmente
detalhada pelo animador. É aí que a edição brilha. Ela pode realmente criar
novos nexos entre as cenas e é nela que o tempo ideal da cena e do filme é
construído. Creio que foi esse conjunto de coisas que estendeu sete minutos
gravados para os vinte minutos finais do filme.
Começamos nosso
próximo projeto com um melhor planejamento e esperamos cometer apenas novos
erros. Todo o processo desse novo trabalho será relatado nesse blog. E,
oportunamente, postaremos no site, www.centopeiapia.com, o roteiro e a
decupagem.
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